Uma música para cada coisa e uma coisa para cada música?

A música é a língua materna de Deus.

Mia Couto

Minha mãe frequentemente citava “há um lugar para cada coisa e uma coisa para cada lugar“, pérola da filosofia de Dr. Teodoro, o segundo marido de Dona Flor, no romance de Jorge Amado. Acho que ela tentava me aconselhar sobre os benefícios de um bom sistema de organização usando a literatura como recurso pedagógico… Acho também que ela buscava me libertar dos evidentes (aparentemente, não só para ela) nós gerados pelo meu, no mínimo, descompassado movimentar pelo vida.

Com um tempo brigando e brincando com essa frase na cabeça, criei uma adaptação dela para “uma música para cada coisa e uma coisa para cada música“. Tentei organizar diversas playlists (e a vida também), especialmente durante a pandemia, seguinda essa lógica. Não funcionou. Ou melhor, funcionou, sim. Mas, não como eu achava que era o que a minha mãe estava tentando me dizer e menos ainda como esperávamos que fosse eu estar no compasso ou no descompasso da vida.

A playlist a seguir pode ser bastante aleatória para um observador-ouvinte que não esteja concomitantemente no meu ponto de vista (desde que eu venho acontecendo), nem com os olhos e ouvidos atraídos pelos específicos estímulos e elementos em meus instantâneos arredores. Mas, para mim, ela só não é tão precisamente orquestrada como as playlists da minha hermana Daniela, como alguns trechos dessas músicas refletem igual um espelho limpo o que talvez a minha falta de organização não diga tão bem.